A Primeira Dama da Botânica. Graziela Maciel Barroso

Quais eram as opções para uma mulher na década de 30? Para Graziela Maciel Barroso, seu destino já estava selado desde que nasceu mulher. Ser esposa e dona de casa era o roteiro de sua vida.

Nascida na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em 1912, foi educada para ser uma boa esposa, uma boa mãe e acompanhar seu marido até o fim de suas vidas. Assim, ela cumpriu ao se casar com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso aos 16 anos de idade.

Aos 18, já era mãe, dona de casa, esposa e ainda assim não tinha terminado nem o ensino médio.

Quando seus filhos já eram adolescentes, aos 30 anos, foi incentivada pelo seu marido a voltar a estudar. Ela começou a aprender sobre botânica com Liberato, o que a levou a conseguir um estágio no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Sua paixão pela botânica foi tanta que ela decidiu prestar concurso para naturalista, ocupação que não exigia títulos universitários.

Graziela foi a primeira mulher a fazer a prova. “Nenhuma mulher tinha feito esse concurso, de modo que houve uma certa prevenção por parte dos candidatos homens, que eram cinco, sendo eu a única mulher. Eles achavam que era uma barbaridade uma mulher fazer esse concurso. Graziela foi aprovada em segundo lugar.

Sem diploma universitário, ela orientava estagiários e doutorandos no Jardim Botânico e, três anos depois de ter sido aprovada, ficou viúva aos 37 anos.

De dona de casa à doutora

Viúva e com os filhos já criados, Graziela resolveu cursar biologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e, em seu segundo ano, perdeu um filho, que era piloto de avião.

“Todo mundo pensou que eu fosse abandonar a universidade. Fiquei arrasada. Mas, não só não deixei de trabalhar, como cinco dias depois estava no Jardim Botânico e na universidade. Procurei no trabalho toda a força que precisava ter.”

Dedicada à academia, descobriu diversos tipos de vegetais, sendo referência no assunto. Aos 60 anos, se tornou doutora em botânica pela Unicamp.

Foi professora universitária da Unicamp, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Pernambuco e a primeira professora de botânica da UnB.

Em 1999, foi honrada com a medalha Millenium Botany Award, se tornando a única brasileira a ganhar a honraria.

Aposentada, passou a ser consultora do Jardim Botânico, o mesmo lugar em que começou sua carreira na botânica e, em 1989, teve seu nome eternizado em um dos prédios da instituição.

Graziela Maciel Barroso morreu em 2003, um mês antes de ser empossada na Academia Brasileira de Ciências, sendo reconhecida como primeira dama da botânica. Deixou um legado importante para a biologia brasileira e 3 livros escritos, sendo o mais famoso deles o “Sistemática de Angiospermas do Brasil”.

Em sua homenagem, mais de 25 espécies vegetais que foram identificadas nos últimos anos, foram batizadas com seu nome.

Quer saber mais sobre Graziela Maciel Barroso?

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